quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

"Django Livre" de Tarantino

ATENÇÃO: Eu fiz uma atualização no post dos filmes de fevereiro, coloquei um filme a mais e o link deste post.

ATENÇÃO 2: Se você ainda não viu o filme, PODE LER MESMO ASSIM! Na hora que eu vou dar spoilers eu faço o maior alarde avisando! rs

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   Para começar, o filme ganhou dois Oscars merecidíssimos: melhor ator coadjuvante pela perfeita atuação de Christoph Waltz, e Tarantino se consolou com o de Melhor Roteiro Original. Digo que "se consolou" porque perdeu o de Melhor Filme, mas a outra também é uma categoria muito digna, diz que a história do seu filme é boa. Sinceramente, achei até bom que ele não ganhou no fim das contas, assim ele não se acomoda e tenta ganhar depois os Oscars mais importantes, rs.

Mas é simpático, né!? =D

   Sinto muito por não ter postado esta resenha antes porque acho que valia muito a pena tê-lo feito, para dar tempo de vocês verem no cinema. Acredito que os filmes de Tarantino são do tipo que realmente precisam ser vistos na telona. Em casa  tudo parece simplesmente bruto demais, dá a impressão que não tem motivo para tanto sangue... Estranho isso, né? Deveria ser o contrário, já que fica ampliado no cinema. xD Eu lembro que fui assistir a Bastardos Inglórios na tv depois de ter visto no cinema e não se comparava. Claro, tem quem consiga aproveitar igualmente a experiência...


   A história do filme se passa alguns anos antes da Guerra de Secessão, a Guerra Civil Americana, e o filme utiliza a questão social (e política) da guerra como parte da trama e não como simples panorama histórico.  Isto porque você não vê a questão da escravidão de um ângulo afastado enquanto um ex-escravo busca "vingança". Não. A história é construída de um jeito que você ache que a vingança é extremamente legítima e merecida. ***PEQUENOS SPOILERS***(isto significa: pule o fim deste parágrafo se você ainda não viu o filme): a vingança contra os três irmãos feitores no começo do filme é massa, mas não acho que poderia ser chamada de "vingança" mesmo. Afinal Django já teria que matá-los de qualquer jeito, era o seu "novo trabalho". Mas, claro, nós sabemos muito bem por que ele aceitou o trabalho... ;) Já a do fim é realmente uma vingança, mas eles limpam a barra das pessoas que não tinham a ver com a situação toda lá na fazenda e, assim como em Bastardos Inglórios, fazem a gente vibrar quando um monte de gente ruim junta é explodida (Tá bom, a casa explode já quase vazia, mas eu estou falando do poder simbólico e catártico).

O cartaz mais legal do filme!

A filmagem é muito interessante! A fotografia é linda, mas massa mesmo é ver os closes! Até eu, que quase não vi "faroestes" na minha vida, consegui perceber a estética western dos enquadramentos! Mas, como se passa no sul dos Estados Unidos, Tarantino chamou de southern. Além da filmagem, dá para perceber algumas outras características de filmes faroeste, mas acho melhor não falar muito disso, não quero estragar o filme de quem ainda não viu...




   Gostei das atuações do filme, mas acho que Leonardo DiCaprio e Christoph Waltz chamam muito mais atenção do que os atores principais. Samuel L. Jackson está impagável (e quase irreconhecível)!  Também chama mais atenção que Foxx, mas não vou dizer mais nada sobre os personagens, vale a surpresa! Eu sei que andam dizendo (há muito tempo) que DiCaprio subiu no conceito geral, mas eu não vejo muitos filmes dele... No entanto, neste, o vilão está muito odioso, você fica torcendo para ele sofrer hahaha. Ou seja, o vilão não tem um lado cômico, como é comum nos filmes de Tarantino. (ops, falei mais sobre os personagens! rs)

   Inclusive, eu tinha escutado uma crítica de que o filme tratava de "forma leviana" um tema sério como a escravidão, mas não concordo de jeito nenhum! O personagem de DiCaprio mostra isso. Talvez o fato de ser um filme "tarantinesco", com o típico "exagero estético" (porém não tão grande aqui) e com cenas engraçadas tenha dado a impressão errada, mas essa parece a opinião de alguém que não viu realmente o filme. Eu não me lembro de nenhuma morte de negro ser levada na brincadeira, enquanto os frequentes assassinatos de homens brancos pró-escravidão vem com uma roupagem vingativa. Óbvio também está que eu não estou dizendo que tudo bem eliminar brancos! Eram pessoas ESCRAVISTAS, portanto aplica-se, a meu ver, a mesma ideia de Bastardos Inglórios, em que o alívio proporcionado pelo filme vem da sensação de (contrafactual, felizmente) vingança histórica. "Felizmente" porque já basta de tudo isso, né? Ninguém quer genocídios, seja de que grupo for!!! Não, nem de escravistas e nem de nazistas também. Mas... Obrigada Tarantino, por nos "vingar" em pensamento e proporcionar tanta discussão interessante sobre um tema tão sério e tão pouco explorado.

   Mas voltando... Christoph Waltz, que estava incrível (e muito irritante! Porém, tinha seu lado cômico...) em Bastardos Inglórios, não decepcionou os seus fãs agora. Pela atuação em Bastardos Inglórios ele arrastou todos os prêmios e, este ano acaba de ganhar outro Oscar para lembrar-se de como é produtivo trabalhar com Tarantino, rs. Já tá na hora de dar um personagem principal a ele, né não Taranta? ;)


   Há de se dizer que Kerry Washington é muito bonita... Eu nunca tinha assistido a um filme com ela (pelo menos não que eu lembre), então nem posso falar muito sobre sua qualidade como atriz, a não ser neste filme. E eu até achei a atuação dela boa, mas a personagem é fraca. Pela história da personagem, você é levado a esperar uma postura diferente da adotada por ela durante as cenas mais dramáticas, mas isso, claramente, não é culpa de Kerry. (É um problema de roteiro, mas quem sou eu pra falar, Tarantino acabou de ganhar um Oscar... ). Inclusive, na "comunidade feminista" vi as mulheres reclamando que essa personagem tão fraca é atípica para Tarantino, que tem até uma mulher como personagem principal em Kill Bill (logo dois filmes! Fora suas outras personagens fortes). Mas acho que isso não é porque ele agora acha que mulheres são fraquinhas ou qualquer coisa do tipo, não. Creio que tenha a ver com a temática faroeste mesmo, onde as mocinhas tinham que ser resgatadas, consoladas, etc. Mas não perdoo tão fácil também: ele que é tão subversivo poderia ter dado um jeito e colocado Broomhilda como uma personagem forte, sim, senhor!! :D

   Pessoal, a Trilha Sonora (cliquem!) é um espetáculo por si só! Sério, quem quiser me dar um presente diferente, pode dar o cd deste filme. Vou usá-lo bastante sempre que precisar fazer um trabalho de madrugada. As músicas são bem animadas, o fato do doido do Tarantino ter colocado "hip hop" acrescentou dinâmica (e dramaticidade) ao filme (e ao meu TCC, rs). Fora isso, tem músicas lindíssimas de faroestes italianos (os famosos "spaghetti"), incluindo algumas de autoria de Ennio Morricone ou Luis Bacalov (três faixas só deste último, sendo uma delas o tema principal, "Django", também utilizada no filme "Django" original italiano). O filme até concorreu ao Oscar de Melhor Edição de Som, mas perdeu!!! Tudo bem, eu ainda não vi os dois filmes que empataram nesta categoria ("007 - Operação Skyfall" e "A Hora Mais Escura"), mas acho difícil que sejam melhores...

MOMENTO LINKLOVE <3: Para quem quiser ver outras opiniões, aqui tem uma resenha que eu li e que está bem mais completa (em inglês).

4 comentários:

  1. Anônimo2/28/2013

    Muito bons os comentários... concordo com todos, mas lógico que sou suspeito pra falar. :*** ah!! muito obrigado pelo link da trilha sonora, tava com preguiça de procurá-la, foi ótimo achar por aqui!
    ^^
    amo-te :**

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    1. Também, amo-te, coisa fofa que comenta! :) Obrigada por comentar, volte sempre, rs.

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  2. Lu! Que post bem escrito (eu sei que sempre falo isso, mas é verdade!). Eu gostei muito de Django e provavelmente nunca teria notado algumas coisas se não tivesse lido outros comentários sobre o filme. Enfim, eu só achei o filme um pouquinho longo demais, e que a Broomhilda um pouco fraquinha em comparação com outras personagens femininas de Tarantino, mas o Waltz estava perfeito e eu realmente dei pulinhos de alegria quando ele venceu o Oscar! Também achei que o Tarantino mereceu o prêmio de melhor roteiro, mas mesmo assim morri de vergonha alheia quando ele fez o discurso e ignorou completamente aquele musiquinha do Tubarão (que era muito idiota mesmo, não sei pra quê essas coisas...). Beijos!

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    1. Quê? Não vi essa parte da "musiquinha do Tubarão" e, por isso, não entendi o que vc disse! hahaha

      Você sempre elogia meus textos, acho que você só não quer ficar sozinha na blogosfera", rs. De qualquer forma, muito obrigada! Eu tava com medo de publicar este post pq eu tava morrendo de preguiça de relê-lo (tá enooorme!. Ainda bem que meus colaboradores (a.k.a. primeiros leitores HAHAHA) me avisaram o que tinham visto de errado!

      Eu achei ele UM POUCO longo, mas só o suficiente para me deixar impaciente e querendo que a trama desenrolasse logo. Eu não vi muitos outros filmes deste Oscar, mas não achei taanto assim que Tarantino merecia o oscar de roteiro original... Sei lá, Broomhilda realmente me irritou, eu queria ****SPOILEEEEEERRRR**** dar um tapa na cara dela quando ela deixava transparecer algo para Stephen (o personagem de Samuel L. Jackson). Dava-lhe um tapa pra aprender a ser mulher!! #lucianabarraqueira Oxe, contenha-se, criatura! Vc já vai ser salva!

      Falando nas personagens femininas de Tarantino... assisti, pela primeira vez, a Kill Bill vol.1 inteiro! :)
      Bjs!!

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